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18/07/2012

Ações de recuperação e conservação ambiental em Aldeias Guarani do RS

por Denise Rosana Wolf*

Embora não seja possível perceber a busca de desenvolvimento (como geralmente é entendido e aplicado pela sociedade) na cultura ou sociocosmologia guarani, o etno“desenvolvimento” e muitos objetivos estabelecidos por Stavenhagen (1984) podem contribuir significativamente para a construção da sustentabilidade socioambiental, para o fortalecimento da autonomia indígena e para a proteção da natureza.

A partir de observações, diálogos, encontros, reuniões e atividades realizadas nos anos de 2011 e 2012, no projeto Ar, Água e Terra: Vida e Cultura Guarani [desenvolvido pelo IECAM-Instituto de Estudos Culturais e Ambientais e oito aldeias (tekoá) do RS], muitos saberes e práticas tradicionais de uso e manejo da biodiversidade foram aliadas a atividades como viveirismo, compostagem e reciclagem, reconstruindo “métodos” de forma contínua e participativa e alcançando importantes resultados, especialmente para a segurança alimentar.

A profunda e longa reflexão em anos anteriores, as visões, saberes e entendimentos guarani relacionados à natureza, o trabalho dos técnicos e especialmente o belo e singular trabalho dos “cuidadores e plantadores” guarani, levaram ao plantio de mais de 20 mil mudas de 90 espécies da flora (35 delas em risco de extinção) nas aldeias indígenas.

Foram elaborados oito mapas de “uso” da terra das Tekoá Anhetenguá, Yriapu, Nhundy, Pindo miri, Nhuu porã, Ka’agut pau, Itapoty e Pindoty e definidas sete classes de “uso” da terra, para auxiliar na “gestão” das áreas e em atividades como trilhas de etnoturismo e “roças” comunitárias. A área de reconversão produtiva (kokue) alcançou 12,78 hectares, a recuperação de áreas degradadas (yvira'iky ty) 39,13 hectares e a conservação de florestas (ka’aguy) atingiu mais de três mil hectares (97,11% da área total das aldeias).

Os dados apresentados e a experiência vivenciada demonstram que os guarani devem ser considerados grandes e sábios aliados na proteção da biodiversidade. A cultura guarani se mantém viva na alma e na vida guarani, onde a natureza sempre teve e sempre terá lugar essencial.

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* Pós graduanda em Gestão Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV Management) e presidente do IECAM (Instituto de Estudos Culturais e Ambientais).  Bióloga e coordenadora do projeto Ar, Água e Terra: Vida e Cultura Guarani, patrocinado pela Petrobras (Programa Petrobras Ambiental, 2010).