No dia 22 de março o IECAM - Instituto de Estudos Culturais e Ambientais - marcou sua presença no II Fórum Internacional de Gestão Ambiental (II FIGA) no painel "Educação ambiental e a conscientização pública para a preservação". Denise Wolf, bióloga e presidente do IECAM, palestrou ao lado de Amyra El Khalili, economista e presidente do Aliança RECOS, e do mestre Apolo Heringer Lisboa, professor de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e idealizador do Projeto Manuelzão.
Tema recorrente a todos os palestrantes foi a necessidade de perceber o meio ambiente num contexto global, sem dissociar de aspectos como os jogos políticos e econômicos praticados por modelos governamentais e privados no mundo todo. Também a necessidade de dar voz e de se ouvir as comunidades tradicionais na hora de fazer qualquer tipo de planejamento ou projeto, pois elas são as que mais conhecem suas necessidades e o ambiente onde vivem. Por fim a importância de proteger e recuperar o ambiente como causa e efeito de ações locais e globais, garantindo a preservação e a evolução da espécie humana e das demais espécies existentes.
Segundo Denise Wolf, do IECAM, “a sociedade precisa valorizar e reconhecer a contribuição dos povos indígenas na preservação dos biomas brasileiros e na construção de nossa própria história, bem como garantir os direitos dos índios, assegurados em nossa Constituição. Temos muito a aprender com as comunidades tradicionais. Os guarani, como muitos outros povos indígenas, devem ser considerados aliados e não inimigos no desenvolvimento sustentável e na proteção da natureza, que para eles tem importância vital e espiritual”.
Ao final das palestras foram respondidas as perguntas do público.
Palestrantes:
A bióloga Denise Wolf se graduou como bacharel em ecologia e se especializou em gestão ambiental. Há 15 anos trabalha no IECAM, e desde a década de 1990 atua em atividades de campo com o povo guarani. É também coordenadora de projetos socioambientais e ministrante de cursos, palestras e aulas sobre educação e gestão ambiental e paisagismo produtivo para prefeituras, associações, escolas, universidades e órgãos públicos. No II FIGA, ela apresentou o projeto Ar, Água e Terra (ações de recuperação e conservação ambiental e etnodesenvolvimento em aldeias indígenas Guarani do RS), patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental.
Já a palestino-brasileira Amyra El Khalili foi uma das primeiras economistas no mundo a unir economia e meio ambienre e uma das primeiras mulheres operadoras do pregão da BM&F. Ativista e comprometida com a proteção do meio ambiente, ela aborda temas como a visibilidade da Amazônia em relação à energia e o projeto da Usina de Belo Monte. Além disso, Amyra esclarece e destaca o conceito de commodities ambientais, mercados originados de recursos naturais de forma sustentável em todos os eixos. A economista foi indicada para as premiações "100 mulheres para o Prêmio Nobel da Paz" e "Prêmio Bartha Lutz".
Apolo Heringer Lisboa se graduou em medicina na Universidade Federal de Minas Gerais no final da década de 1960, e foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes durante o período da ditadura militar. Por causa do exílio político, viveu em diversos países entre a América, a Europa e a África, e ao voltar para o Brasil, ajudou a criar o Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais. Adquiriu o título de mestre em 1993 e, quatro anos mais tarde, fundou o Projeto Rio das Velhas, conhecido como Projeto Manuelzão, que busca recuperar a fauna no Rio das Velhas.
